Procura a carne a carne, e a ferida
Vai-se fechando nesse lento encontro.
Encerra-se o passado ponto a ponto,
Onde havia dor vem a cicatriz.
Por si, não é feliz nem infeliz,
Essa estrada que em si a carne traça,
Um saber que não sabe, só perpassa,
E que por onde passa deixa a vida.
Nessa ruga aí vamos avançando,
O corpo amado vai envelhecer,
Que Urubu tempo junta estranho bando.
Isso que não é, chamam-lhe viver.
Assim se faz o onde, o como, o quando,
O corpo, o campo santo do prazer.
Manuel Resende
Poesia reunida, Posfácio de Osvaldo M. Silvestre, Edições Cotovia, Lda., Abril de 2018
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